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O ponto de orvalho ou a arte da levitação

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 o  ponto de orvalho ou a arte da levitação... escrever sobre meteorologia  é uma ciência  onírica, disse o professor de espantos, e acrescentou  muito mais seguro  de si, escrever é levitarrrrrr, e ficou com  a lingua presa a bater nos errrres  no  céu da boca... ontem sonhei que os algarvios  iam   morar  para a serra porque o mar estava  encapelado  e que se  viam como gregos lá no cimo  dos outeiros para obter água sonhei  que  alguém me disse boa sorte para hoje no sentido  figurado que é o da figura  que   cada qual faz  diante do público que  tem ao seu lado, sonhei que ficava com o travão de mão na mão, e por aí adiante.  isso são sonhos, rábulas sem interesse nenhum, disse o professor de espantos, o mesmo não diria  Freud, já a meteorologia é uma ciência  aplicada baseada  em   rigorosas leis da física e da matemática e  fruto  de uma observação aturada dos fenómenos  atmosféricos  desde longa data hoje  reparei que o orvalho celeste nem sequer  evaporou das  folhas  das  erva

"O Gato de Shrodinger"

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  "O GATO DE SCHRÖDINGER"   O Gato de Schrödinger"     Qual é, no fundo, a necessidade que temos de um escritor ? Será tanta assim? Qual é a necessidade que temos do outro para sabermos que a nossa vida é real? Estaremos de facto vivos , ou tudo não passará de uma ilusão ?A necessidade que o sujeito e a humanidade tem que lhe contem histórias de vida, sejam estas fictícias ou reais , ou de alguém que nos ajude a reflectir a vida, tem tantos dias como a nossa existência como espécie. Possuidores de uma linguagem sonora e articulada de símbolos e signos cujo significado são também uma género de alquimia, as palavras escritas são um poder mágico tal como a feitiçaria ou a gramática. As palavras e o seu poder desdobram-nos em todas as quimeras como em todas as vontades ajudando-nos também a identificar e a evoluir e a classificar tudo o que nos rodeia e principalmente a operar perante contradições.. Mas até que ponto a vida se compraz com um escritor ? Pode este suplantar a

Bucólicas e Pastorais

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  Bucólicas e Pastorais "A Primavera do nosso desconfinamento  ou a poética geral da   chuva" Era  madrugada  e  a neblina  fina pousou  o manto sobre a caruma  qual melodia  embebendo tudo com o aroma das maias. As  flores hiperpolinizadas e hipnotizadas pela miúda  chuva recebiam gratas a  sua benção transformando em cor os raios filtrados  do sol. Acenavam gratas por detrás das  vidraças molhadas  como superfícies  foscas dando ao monte os  matizes verdes e rosas de um sonho. O som da  chuva repicando  no chão dava à luz de fuligem e névoa a atmosfera de um mundo submarino. As sardinheiras rebentavam rubras,as giestas em flor antecipavam a  festa e  o nevoeiro da noite  feita orvalho matutino com o odor maravilhoso dos cedros não trazia  já a melancolia das misérias do Inverno. O ar  primaveril repleto de humidade rescendia a algas, casca de pinho e líquens anunciando um novo tempo  desconfinado. A  chuva prolongava a quarentena  como que preguiçosa na sua despedida fazend

Diário da minha Gata Alternativa

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  Diário da minha Gata Alternativa O mar é mais fecundo no horizonte meigo dando de vago na nortada, traz notícias de compra e venda de hipotecas lucrativas... Tesão dos negócios de alguns depauperam ainda mais estados já de si super-endividados. No ócio de todos os dias milhões de fêmeas arrastam milhões de investimentos, ao passo que animais são super alimentados e milhões de crianças morrem de  fome.. Investimentos em investimentos de hipotecas compradas e vendidas são operações financeiras fabulosas. Tudo é feito a descoberto ! Um dia destes, os pobres das estatísticas  entram em cotações de mercado, tal como os mercados da escravatura  ou qualquer matéria-prima voltarão a ser comprados ou vendidos.  A Rússia tem já uma nova vacina para a pandemia em circulação. Corrida ao armamento não decresce com a corrida pelos medicamentos. Intoxicações medicamentosas com lítio  para transtorno bipolar não fazem parte das estatísticas.  Empresas de tecnologia procuram pessoas para introduzir 

Os meus Silêncios

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 "os meus  silêncios  são  como quedas no  abismo " os meus  silêncios  são  como quedas no  abismo, ascensões aos céus do  levante, e os teus ? há  silêncios que nos entristecem, indiferentes ao medo, silêncios cobardes ou de espera e de angústia, silêncios que calam mágoas, silêncios de breve felicidade, pausas involuntárias em que pousam garras e tormentas de desespero inaudível, silêncios  maliciosos de um pudor desnaturado,e silêncios de fuga vividos  no coração  como em pleno  vulcão de dúvidas ,silêncios tão negros como azedume de azeviche do  negrume e ainda  com brilho, silêncios luminosos como acordes musicais de uma paz intangível e intransmissível, silêncios que nos arrastam a voz para dentro e nos tornam mudos, entes impalpáveis e invisíveis atenuando o peso do ser, libertando fantasmas  de uma vida...silêncios  atentos  ao porvir, sem gravidade, que nos entregam ao livre arbítrio numa dimensão  de caos primordial, e é então que as verdades nos fecundam e no muti

Os dias liquidados

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 os dias liquidados Ontem uma  luz de um luar , de um Verão outonal prestes a ir-se , uma luz de um Verão  indiano cuja  voz sombria e maviosa trazia nela séculos de escravatura e exploração e uma consciência política de revolta assaz surpreendente e ao mesmo tempo tão triste, parecia querer levar  todo o meu sonho com ela ...confrontou me de forma inusitada com o machismo que se perpetua nas novas gerações...confidenciou-me essa  voz muito humana e sensível qual luar de utopias, a propósito dos relacionamentos amorosos, uma  coisa que talvez já nem  espanta ou recorda, os amores românticos de outros tempos, refeitos  de confiante esperança no amanhã, de algum sacrifício e condescêndencia ,algo que hoje  ultraja e perturba...e que me deixou liquidamente desnudado nas escadarias monumental, como um manequim de carne viva suspenso de um cabide  na cabine telefónica do abandono, sem saber que lhe dizer.....e ela insistia -"Nunca vi tanta mulher triste como em Coimbra:... - Estás a fa